É muito provável que você, caro leitor, já tenha visto o clássico filme de Charlie Chaplin com o título Tempos Modernos. Este filme foi amplamente explorado por escolas e faculdades por se tratar de uma crítica às grandes mudanças que a Segunda Revolução Industrial trazia naquele momento, onde o trabalhador era retratado apenas como mais uma engrenagem da máquina do processo de produção. Por mais incômodo e revoltante que este “rebaixamento” do trabalhador a uma máquina repetidora de uma única ação possa parecer, foi um caminho inevitável e ainda é este o processo em muitas linhas de produção por todo o mundo.
Os anos se passaram, novas tecnologias foram criadas, e chegamos então na chamada Revolução Digital, ou Terceira Revolução Industrial. Nela vimos o mundo mudar com o uso dos computadores em todos os tipos de trabalho, com foco em gerar e processar dados, de modo a tirar informações cada vez mais precisas sobre os negócios, permitindo tomadas de decisão cada vez mais rápidas. Nesse ponto da história, houve quem dissesse que os que não aprendessem a usar um computador, em pouco tempo ficariam sem trabalho.
De fato, em partes, aconteceu. Muitos perderam empregos por não se adaptarem e muitos novos tipos de trabalho foram criados em função das novas demandas. Porém, percebemos que, principalmente no campo, muitos conseguiram se manter sem ter que tomar conhecimento dessas novas tecnologias. E talvez ainda se mantenham por mais algum tempo. Talvez, eu disse.
Agora estamos vivendo a Quarta Revolução Industrial, ou ainda Indústria 4.0, que é movida principalmente pela Internet das Coisas (IoT – Internet of Things), onde os mais modernos equipamentos são capazes de se comunicar com os computadores, também cada vez mais modernos, e desta forma executarem as mais diversas ações automatizadas, sem a necessidade de que alguém precise intervir. Esta sim é uma grande ameaça para aqueles profissionais que não buscarem se adaptar, evoluir em todos os sentidos, tecnicamente falando e também com relação à sua postura como profissional. Desta nem o campo está livre.
É cada vez mais comum ver indústrias onde um robô faz o trabalho onde antes dez pessoas precisavam atuar, ou ainda equipamentos ligados e gerenciados à distância, onde antes alguém deveria ir até lá fazer este trabalho, ou também máquinas agrícolas que fazem todo o seu trabalho baseado em informações de GPS e telemetria. Não preciso ir muito mais além disso pra mostrar as inúmeras aplicações destas tecnologias no nosso cotidiano. E não estamos falando do futuro, isso é agora, já está acontecendo.
Já dizia Carlos Drummond de Andrade: “E agora José”? Agora é onde, além do óbvio conhecimento técnico que se faz cada vez mais necessário, as habilidades intangíveis (soft skills) são as que definirão quem fica e quem sai. Serão mantidos aqueles profissionais que são capazes de, além de executar muito bem tecnicamente suas atribuições, também mostrem aos seus empregadores valores como ética, serem de confiança, trabalhar bem em equipe, ter a tal “atitude de dono”, entre outras, e isso vale para todos os níveis e funções.
Muitas vezes, o termo pejorativo “puxa-saco” é erroneamente atribuído aos profissionais que possuem estas características e se destacam no trabalho. Na maioria das vezes os que usam estes termos, são justamente os que ficam de fora, por não apresentarem as mesmas habilidades. Já não há mais espaço para os legítimos puxa-sacos, pois apenas a bajulação em si já não garante benefícios pra mais ninguém em empresas sérias.
Enfim, você está preparado para estes tempos mais que modernos? Se não, reveja o quanto antes seus conceitos, pois o mundo está mudando muito rapidamente e isso também é inevitável, e com a concorrência direta com a tecnologia, o fator humano e suas principais qualidades estão se tornando cada vez mais relevantes.