Caro leitor, acredito que não há, em nenhum lugar do mundo, outra pergunta que nos coloque em uma verdadeira “sinuca de bicos”, que desperte em nós tantas crises existenciais e traga a nossa mente tantas dúvidas, tantos medos, tantos desafios…
Diante disso, atormentado por minhas indecisões, o que é inerente a todo ser humano, olhando profundamente para minha realidade, vislumbrando o passado, vivendo o presente e, ao mesmo tempo, traçando objetivos para o futuro, comecei a me fazer alguns questionamentos: Por que algumas pessoas vão e outras ficam? Quais são as características das pessoas que escolhem partir e das que escolhem ficar? Qual a importância, para um determinado lugar, daquelas pessoas que vão e daquelas que ficam?
E ao observar a complexidade de tais indagações, busquei através de alguns amigos e de alguns “filhos” do Distrito de Santo Antônio, lugar onde cresci e hoje sinto grandes saudades, obter diferentes perspectivas que possibilitem uma reflexão mais aprofundada sobre o assunto. E desde já, agradeço imensamente a todos aqueles que contribuíram para essa reflexão.
Conforme as diversas perspectivas, de modo geral, os que vão buscam por uma estrutura que o lugar não oferece, buscam por maiores e melhores oportunidades de emprego, crescimento econômico e expandir sua visão de mundo, o que normalmente é característica presente em jovens sonhadores, dedicados, com vontade de crescer e que se permitem arriscar. Eles são importantes porque deixam uma boa impressão, pois buscam progredir, ajudar a família e seu lugar de origem e fazem o lugar ser conhecido e amado por outras pessoas, expandindo sua história e valores pelo mundo, mas sem perder de vista as raízes, a tradição.
Alguns ficam porque se apegam ao forte vínculo afetivo, que às vezes os fazem cair no comodismo. Outros, possuem um bom emprego que os permitem viver de forma satisfatória e, talvez, se acostumaram a viver de tal forma que não conseguem mais se adaptar à vida na cidade. E ainda, existem aqueles que já constituíram família e a calmaria e o sossego que o lugar oferece, características típicas do interior, gera um conforto a mais para os pais criarem seus filhos. Esses são importantes porque zelam pela cultura local, dando continuidade para a história, tradição e valores do lugar. E especificamente em relação àqueles que um dia almejaram ir mas ficaram somente por comodismo, talvez carreguem dentro de si uma lacuna a ser preenchida, que é a dúvida de não saber o que poderia ter acontecido se tivessem “pagado o preço”.
Na minha perspectiva, ir é a palavra de ordem dos destemidos, dos que são movidos por novas descobertas, dos que sentem a necessidade de ampliar sua visão de mundo, de encontrar novos sentidos para seu modo de agir e novas formas de enxergar a beleza do que estava a sua volta. Afinal, ao deixar o seu lugar de origem, você aprende a valorizar cada espaço desse lugar, cada momento ao lado daquilo e daqueles que você mais ama. Os que partem levam consigo em suas bagagens emoções, lembranças, saudades e, acima de tudo, esperança…
E sobre ficar, essa é uma palavra que para alguns significa não ter a opção de ir, seja por questões familiares, financeiras, de saúde, ou até mesmo por ainda não se conhecerem o bastante para descobrir qual a sua real necessidade. Para outros, ficar significa estar verdadeiramente em casa, pois este lugar é o porto seguro de alguns. Portanto, não há nenhum sentido em buscar outro lugar, pois é ali que a vida deles acontece, é ali que eles se sentem felizes.
Sendo assim, minha principal reflexão é que não existe maiores méritos em ir ou ficar. Ambos são responsáveis pela manutenção, difusão e desenvolvimento da nossa cultura, das nossas raízes e das nossas tradições. Os que ficam mantêm tudo isso em suas ações do dia a dia, no acolhimento, ao ajudar seu irmão de comunidade, ao se doar por nosso Distrito e por tudo aquilo que é peculiar e característico do nosso lugar. Os que vão difundem tudo isso pelo mundo. Por todos os lugares onde passam apresentam e fazem um convite especial para que todos conheçam aquilo que temos de mais belo: nossa cultura, nossas raízes, nossas tradições. Afinal, como dar continuidade àquelas que, na minha visão, são as maiores tradições culturais do nosso Distrito, a Folia de Reis e a Festa de Santo Antônio, sem a doação dos que ficam e organizam esses eventos e sem a participação de todos os “Antonienses ausentes”, que retornam com muito mais do que um dia levaram em suas bagagens?
Diante disso, vale destacar que os residentes do nosso querido “Bambu” e aqueles que um dia partiram possuem um importante fato em comum: ambos vivem em função de esperar… Os que partem esperam ansiosamente pelo dia em que vão matar a saudade de casa e daqueles que amam. Os que ficam esperam por aqueles que foram com o mesmo ideal, de prendê-los em abraços aparentemente sem fim, mas capazes de provar que mesmo estando em lados opostos, sempre existirá um “cordão umbilical” que os une: o AMOR por esse lugar e por tudo aquilo que ele representa.
Enfim, a grande questão é que o que importa não é quem vai ou quem fica, mas sim aquilo que permanece. E diante dessa reflexão meu maior e mais sincero desejo é que brote e permaneça dentro de você um sentimento que, indiscutivelmente, se tornou uma verdade absoluta para todos aqueles que amam verdadeiramente esse lugar. O sentimento de PERTENÇA, que nos faz proclamar em uma só voz para o mundo inteiro ouvir: O BAMBU É O MELHOR LUGAR DO MUNDO!
Texto incrível Alan, parabéns pelo trabalho!
Alan, Parabéns pelo seu texto e empenho! Ficou excelente👏
Bela e oportuna reflexão Alan. Cada um de nós com suas andanças rabiscamos um pedacinho da História.
Alan, parabéns pelo texto! Sábias palavras para descrever um pouco do sentimento das pessoas que residem ou já residiram no Distrito Santo Antônio (Bambú). Também fui morador dessa comunidade por um tempo e foi uma experiência enriquecedora e que muito me fortaleceu. Abraços.
Bom mesmo é quem tem propriedade para falar, e sabe do que fala! Valorizar suas raízes é uma das mais belas manifestações de Amor.
A comunidade do Distrito de Santo Antônio do Rio Preto tem um exímio jovem representante.
Orgulho!
Umas das minhas fontes de expiração! Alan Almeida! Amigo que Deus me apresentou.
Parabéns! Parabéns meesmo!👏🏻☺